Células-Tronco: Um Novo Tratamento Experimental para Lesões Medulares
Até o momento, não há tratamento regenerativo eficaz para a lesão medular traumática (LM). Recentemente, uma nova terapia celular consistindo em transplantes de células-tronco com o objetivo de tratar esse tipo de lesão tem mostrado resultados preliminares promissores. Embora este seja um tratamento experimental, os ensaios clínicos de Fase I conduzidos pela Mayo Clinic oferecem um vislumbre de esperança para as pessoas que sofrem de PSM, para quem as chances de melhorar a função motora e sensorial tendem a ser muito pequenas.
Somente nos EUA, mais de um milhão de pessoas sofrem de PSM, e cerca de 17.000 novos casos são relatados a cada ano. Apesar dos avanços médicos, a recuperação completa de uma lesão medular ainda é muito limitada. Por isso, a busca por terapias alternativas tornou-se prioridade. Nesse sentido, a Mayo Clinic, nos Estados Unidos, realizou recentemente um estudo com o objetivo de avaliar o potencial do transplante de células-tronco para melhorar as funções motoras e sensoriais em pacientes que sofreram uma lesão medular traumática.
O estudo envolveu 10 pacientes com diferentes graus de paralisia. Cada voluntário recebeu uma injeção única na coluna vertebral. Os resultados, publicados na revista Nature Communications, são promissores. Primeiro, os pacientes apresentaram boa tolerabilidade ao transplante experimental. Em segundo lugar, 7 participantes apresentaram melhora, subindo um nível na American Spinal Injury Association (ASIA) Impairment Scale (a escala ASIA consiste em cinco níveis, variando de perda completa de função a função normal).
Além disso, os pesquisadores encontraram uma melhora na sensibilidade nos testes de picada e toque leve. Além disso, em 7 pacientes, a força dos principais grupos musculares motores melhorou.
De acordo com o estudo, cerca de 5% dos pacientes com PSM podem recuperar a sensibilidade com a terapia celular. No entanto, "no caso de uma lesão na medula espinhal, mesmo uma ligeira melhora pode fazer uma diferença significativa na qualidade de vida de um paciente", disse o neurocirurgião Mohamad Baydon em um comunicado à imprensa.
Método Avançado de Tratamento em Medicina Regenerativa
Neste estudo piloto, os pesquisadores usaram células-tronco derivadas do tecido adiposo de cada paciente. Eles foram retirados do abdômen ou da coxa. Em seguida, foram cultivados em laboratório e, em seguida, injetados na coluna vertebral.
Ilustração com breve descrição do procedimento de transplante de células-tronco.
Segundo os pesquisadores, as células-tronco mesenquimais são capazes de reparar ossos, cartilagens, músculos, tecido adiposo e, até certo ponto, o sistema nervoso central. Em 2019, o Japão se tornou o primeiro país a aprovar esse tipo de terapia celular para o tratamento da PSM. No entanto, a comunidade científica considera essa decisão prematura.
Os pesquisadores da Mayo Clinic concordam, observando que os ensaios clínicos de fase 1 são principalmente sobre segurança. "Este estudo demonstra a segurança e os benefícios potenciais das células-tronco e da medicina regenerativa", disse o Dr. Bydon, principal autor do estudo. Segundo ele, a lesão medular é uma condição muito complexa. "Estudos futuros podem mostrar se as células-tronco, quando combinadas com outras terapias, podem fazer parte de um novo paradigma de tratamento para melhorar os pacientes", continua.
Um futuro incerto?
Os pacientes que receberam injeção lombar foram acompanhados por um ano e 10 meses. Nesse período, como já mencionado, houve melhora em seus indicadores sensoriais e motores. Assim, esses resultados são muito encorajadores e abrem caminho para a próxima fase de testes. No entanto, ainda há um obstáculo no caminho dos cientistas. Foram incluídos no estudo pacientes submetidos recentemente à cirurgia de PSM. E, em geral, o movimento e a sensação podem melhorar ao longo do ano. Isso significa que ainda é difícil tirar conclusões sobre a eficácia do tratamento de lesões antigas. Para não mencionar, é difícil distinguir com precisão entre os efeitos terapêuticos do tempo e da terapia celular.
"No futuro, ensaios clínicos randomizados maiores usando uma variedade de ferramentas clínicas e medidas de qualidade de vida são necessários", dizem os pesquisadores da Mayo Clinic. "Isso nos permitirá explorar os benefícios potenciais dessas injeções para a recuperação neurológica tardia da lesão da medula espinhal", conclui Bydon. Como os estudos de fase II já estão em andamento, dados mais detalhados sobre a real eficácia da terapia devem estar disponíveis dentro de um a dois anos.
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