Para se proteger, este sapo emite um grito ultra-sônico


No reino animal, qualquer estratégia é boa para sobreviver aos ataques implacáveis de predadores ferozes. Alguns animais preferem fugir, usando sua velocidade para escapar de um ataque ou tentar enganar os atacantes. Outros usam comportamentos puramente defensivos, como pastorear para espantar predadores ou colocar chifres ou garras para se defender ativamente. Mecanismos de camuflagem ou mimetismo também podem ser usados para se misturar com o ambiente e evitar a detecção. Às vezes, essas técnicas são até bastante incomuns, como nos cachalotes, que usam uma defecação protetora contra as orcas. No entanto, esta pequena rã tropical indefesa teve que recorrer a outros métodos de sobrevivência em caso de perigo iminente.

Pela primeira vez na história, os cientistas conseguiram identificar e analisar os sinais de socorro de um anfíbio em perigo. E de acordo com as descobertas do estudo, embora os humanos não possam ouvi-los, eles são estridentes o suficiente para manter os predadores em potencial à distância.

O sapo que grita diante do perigo
Haddadus binotatus é uma espécie de anfíbio endêmico da floresta tropical brasileira. Muito comum nesta área florestal, distingue-se pelo seu pequeno tamanho. Apesar de as fêmeas desta espécie serem maiores que os machos, elas ainda são minúsculas, com um comprimento médio de apenas 64 mm. Felizmente, esses pequenos animais podem contar com um grito tão alto que o ouvido humano não consegue ouvi-lo... Ao contrário dos predadores, contra os quais eles empregam esse incrível mecanismo de defesa.

Gritos e pose teatral para espantar predadores

Em seu estudo, publicado na revista Acta Ethologica, os cientistas relatam que esta é a primeira vez que conseguem detectar a radiação ultrassônica desses anfíbios sul-americanos. Os seres humanos são capazes de perceber sons na faixa de não mais de 20 quilohertz. No entanto, essas rãs podem emitir sons na faixa de 7 a 44 quilohertz para se proteger. "Alguns potenciais predadores de anfíbios, como morcegos, roedores e pequenos primatas, são capazes de fazer e ouvir sons em uma frequência que os humanos não conseguem. Uma das nossas hipóteses é que o sinal seja direcionado a alguns desses animais, mas também pode ser que a ampla faixa de frequência seja universal, no sentido de que é projetada para afugentar o maior número possível de predadores", explica Ubirata Ferreira Sousa, principal autora do estudo da Universidade Estadual de Campinas (SP).

Além dos sons penetrantes, este sapo também adota uma pose intimidante. Ela arqueia as costas, levanta a frente do corpo e abre a boca aberta, pronta para soltar seu famoso grito agudo. No entanto, é só quando ela fecha parcialmente a boca que ela faz esse som ultrassônico.

Uma posição defensiva e um grito são mostrados aqui.

Primeiro registro oficial, mas certamente não comportamento único

Os pesquisadores tiveram muita sorte. Eles foram capazes de gravar esses sinais duas vezes, que eles foram então capazes de analisar usando um software especializado para determinar as incríveis frequências usadas por esses animais. No entanto, embora esta seja a primeira vez que um sinal de ultrassom protetor foi detectado em anfíbios, os cientistas estão confiantes de que o Haddadus binotatus não é um caso único. Mariana Retusi Pontes, coautora do estudo e doutoranda na mesma universidade brasileira, afirma: "Dado que a diversidade de anfíbios no Brasil é a maior do mundo e tem mais de 2.000 espécies descritas, não seria surpreendente descobrir que outras rãs também emitem sons nessas frequências".

Durante uma excursão a um parque em São Paulo, Mariana Retusi Pontes também notou um comportamento defensivo semelhante em Ischnocnema henselii, outro anfíbio que acabou fazendo vocalizações semelhantes quando a pesquisadora agarrou suas pernas para tirar uma foto. A presença de uma víbora venenosa nas proximidades nesse momento também parece apoiar a ideia de que esses sons podem ser uma resposta ao perigo em alguns anfíbios.

Uma descoberta de sapo que promete pesquisas futuras empolgantes

No momento, a comunicação ultrassônica é bem conhecida em mamíferos como baleias, morcegos, pequenos primatas e roedores. Deve-se notar, no entanto, que, embora chamadas ultra-sônicas já tenham sido encontradas em espécies de anfíbios asiáticos, essas chamadas foram destinadas apenas para comunicação entre espécies e não para fins defensivos, como neste caso. Esta nova descoberta abre caminho para pesquisas futuras interessantes sobre quais predadores são sensíveis a esses chamados defensivos e como eles respondem a eles.

Um estudo mais detalhado desses incríveis mecanismos de defesa, bem como da dinâmica da relação entre predadores e suas presas, é, de qualquer forma, extremamente importante. Não só demonstra que as criaturas menores e aparentemente banais podem empregar adaptações intrigantes que valem a pena explorar, mas também destaca a importância de proteger os habitats onde essas interações surpreendentes ocorrem, especialmente para essas populações de anfíbios sem nome que enfrentam ameaças crescentes à sua sobrevivência. Finalmente, este estudo levanta a questão de que pode realmente haver uma cacofonia desavisada no aparente silêncio da natureza que a ciência ainda precisa descobrir.
*Traduzido de site parceiro
Gustavo José
Gustavo José Fascinado pelo mundo do terror e do suspense, sou o fundador do blog Terror Total, onde trago histórias envolventes e arrepiantes para os leitores ávidos por emoções fortes.

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